Diagnóstico precoce auxilia no tratamento de distúrbios de aprendizagem

Se uma criança não aprende a ler, escrever ou fazer cálculos matemáticos em um período de tempo considerado normal, não quer dizer que esteja atrasada. É possível que ela tenha algum tipo de transtorno de aprendizagem, problema que pode ter relação não só com fatores neurológicos, mas com questões culturais, um ensino deficiente ou falta de oportunidades.

O gênio da física Albert Einstein, a escritora de romances policiais Agatha Christie, o mestre do cinema de animação Walt Disney, o político britânico Winston Churchill e o paradigma do sucesso no mundo dos negócios Nelson Rockefeller fazem parte da lista de disléxicos famosos.

O transtorno na linguagem que esses personagens admitem ter sofrido na infância, e que os forçou a aguentar “chacotas” dos colegas de escola, não os impediu de vencer nos âmbitos mais distintos. Acredita-se que eles tinham dislexia, um dos transtornos da aprendizagem diagnosticados quando o rendimento do indivíduo em leitura, cálculo ou expressão escrita é substancialmente inferior ao esperado por idade, escolarização e nível de inteligência. A disfasia, ou perda parcial da capacidade de expressão, é uma das patologias associadas a esses transtornos, assim como o déficit de atenção, a dispraxia (que se manifesta na dificuldade de articulação de palavras ou frases) e a afasia (que é a perda completa da fala, geralmente em consequência de algum trauma).

Muito antes de chegar à conclusão de que uma criança tem esse tipo de transtorno, os pais devem ficar atentos a uma série de indicadores do desenvolvimento emocional prévio e da pré-linguagem, que estão contidas nos protocolos da Associação Internacional de Pediatria. Segundo os protocolos, aos quatro meses, o bebê estenderá os braços para que os adultos o tirem do berço e, aos cinco meses, começará a sorrir. Ao meio ano de vida, a criança deverá descobrir o princípio causa-efeito: o chocalho faz barulho quando o agita, e os adultos reagem quando se joga algo no chão.

Nessa mesma época, o bebê pode mostrar indícios de ciúmes se vê a mãe pegar outra criança nos braços, começará a temer desconhecidos, virará o rosto quando não estiver com fome e mostrará frustração quando não conseguir fazer o que quer, por meio do choro ou balbuciando. Aos oito meses, o bebê pronuncia sua primeira palavra, no geral, e as primeiras frases aparecem entre os 18 e os 24 meses.

Todos esses detalhes significativos costumam antecipar que o bebê chegará à idade escolar em ótimas condições para assimilar o que os professores ensinarão, mas os transtornos de aprendizagem podem surgir mesmo se não houver indícios no desenvolvimento emocional prévio. No entanto, o tempo entre a primeira palavra e as primeiras frases é muito importante para avaliar se há atraso.

Diagnóstico precoce auxilia no tratamento

- De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais, referência para profissionais da área, a taxa de evasão escolar de crianças ou adolescentes com transtornos de aprendizagem é, em nível global, de cerca de 40%.
- Os transtornos de aprendizagem devem ser diagnosticados e tratados principalmente porque podem estar associados a desmoralização, baixa autoestima e déficit em habilidades sociais.
- Quando o transtorno da leitura é associado a um quociente de inteligência (QI) elevado, a criança pode render de acordo com seus companheiros durante os primeiros anos escolares, e o problema pode se manifestar totalmente apenas no quarto ou quinto ano.
- O tratamento dos transtornos de aprendizagem requer a necessária colaboração entre pais, educadores e psiquiatras ou psicólogos infantis. Medicação e psicoterapia só são aconselhadas em casos mais graves. Para abordar esses transtornos, o mais recomendável é reeducar o menor na aprendizagem da leitura por meio de técnicas de reconhecimento de letras, do ensino através dos gestos e de exercícios de giros ou de correção da lateralidade (distinguir entre direita e esquerda).


Fonte: Jornal Zero Hora

by jack