Crianças de hoje são mais independentes?

Filhos certamente aprenderam a dominar a arte de selecionar, negociar e até recusar as tarefas dadas por seus pais. Esse crescimento na autonomia pessoal dentro de casa nas últimas décadas pode ser o resultado da diminuição das oportunidades para participar de atividades fora de casa, de acordo com a pesquisadora americana Markella Rutherford do Wellesley College, nos Estados Unidos. Ela analisou edições antigas da popular revista americana Parents e mapeou como o retrato da autoridade dos pais e da autonomia dos filhos mudou ao longo do último século. Seu estudo foi publicado online no Springer’s Journal Qualitative Sociology.

Adultos encontram uma difícil tarefa quando tentam equilibrar a própria autoridade com independência para os pequenos, tentando ser o tipo de pais que consideram correto, com base em inúmeras fontes de informação, incluindo publicações, opiniões de família, amigos, médicos, professores e especialistas. Rutherford pesquisou como o aumento da importância do individualismo na cultura ocidental transparece na educação. Ela analisou e 300 colunas de conselhos e editoriais de 34 edições escolhidas aleatoriamente, publicadas pela revista Parents, entre 1929 e 2006.

O estudo demonstrou que enquanto os artigos da revista mostraram uma grande autonomia infantil em algumas áreas, também revela que as crianças se tornaram mais confinadas em outras. Em vez de um crescimento na autonomia, ela descobriu evidências de um conflito histórico: enquanto os filhos parecem ter conquistado mais liberdade em ambientes privados de suas casas, perderam muito de sua autonomia quando estão longe dos pais. Parecem auto-suficientes quando têm de se expressar sobre si mesmos, particularmente em relação às atividades diárias, à aparência pessoal e ainda respondem com facilidade aos desafios dos pais. Em contraste, assumem responsabilidades bem mais tarde, uma vez que têm agora menos oportunidades de conduzir a si mesmos em ambientes públicos livres da supervisão de adultos do que tinham há algumas décadas.

Fonte: Psicologado