Fim da publicidade dirigida às crianças e de bebidas alcoólicas em debate

A publicidade dirigida ao público infantil foi tema de debate na mesa: Pelo Fim da Publicidade Dirigida às Crianças, do Seminário Preparatório para a I Conferência Nacional de Comunicação: Contribuições da Psicologia.

No âmbito da publicidade, a criança é vista como um mercado extraordinário. A descoberta desse potencial aconteceu, no Brasil, na década de 1980. Segundo a cientista social Inês Vitorino, a mudança é que as crianças passaram a ser tratadas como cliente de hoje, não mais de amanhã, tendo participação em 80% das decisões de compra da família (TNS/InterScience, outubro 2003).

O apelo publicitário está presente em locais que dificultam o discernimento das crianças entre aquilo que precisam e o que é supérfluo. “A televisão, o computador, o rádio colocam adultos e crianças no mesmo sistema”, diz a cientista social. Ainda mais grave é a presença da publicidade dentro das escolas, espaço de formação dos jovens, alerta Inês.

O público infantil é estimulado desde cedo ao consumo exagerado, sem ter ferramentas para lidar com isso. A coordenadora do Projeto Crianças e Consumo do Instituto Alana, Isabella Henriques, afirma que a proposta do Instituto não é o fim da publicidade, mas uma mudança de paradigmas, de forma que a publicidade seja voltada para os adultos. “A criança hoje está exposta a muito conteúdo que não diz respeito a ela”, reforça.

Para o psicólogo Ricardo Moretzsohn, representante do Conselho Federal de Psicologia na Coordenação Nacional da Campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania”, da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, é preciso educar as crianças para lidar com a mídia. “Ensinamos a nossos filhos várias coisas, mas não a assistir televisão. Ensinamos, no máximo, a mexer no controle remoto”, observa.

A educação para uso crítico da mídia também foi citada por Inês Vitorino. “É importante que apostemos na educação para uso crítico da mídia e na regulação”, destaca. “Regulação é um direito da sociedade, é um mecanismo de proteção da sociedade, não deve ficar só na mão do Estado. Não adianta pensarmos em políticas públicas sem a participação da sociedade”, ressalta.

A dispersão dos instrumentos de controle social é um fator que dificulta a ação social, acredita Inês. Por isso, de acordo com a cientista social, é importante que se tenha uma legislação específica para o assunto.
Fim da Publicidade de Bebidas Alcoólicas

Quem nunca ligou a televisão e se deparou com uma propaganda na qual uma mulher bonita aparece bebendo ou oferecendo cerveja?

O uso da imagem da mulher ou de jovens bebendo em bares são estratégias do marketing da indústria do álcool para estimular o consumo de bebidas. De acordo com o advogado Allan Vendrame, um dos autores do documento O estudo vem desfazer o mito da indústria das bebidas alcoólicas de que a publicidade serve apenas para fidelizar a marca, que pesquisou o efeito da propaganda do álcool em jovens, esta predispõe jovens a beber bem antes da idade legalmente permitida.

O jornalista e pesquisador de políticas públicas na área de comunicação, Edgar Rebouças, voltou ao tema de educação para uso crítico da mídia, sugerindo que haja ações nas escolas. O jornalista aproveitou também para responder a indagação trazida pelo CFP, Mídia. Quem é o dono dessa voz? : “Se você for atrás do dinheiro, vai saber quem é o dono dessa voz”.

Fonte: POL