Violência clama por violência?

O Brasil se comoveu com a triste história da “menina de Recife”: após anos de abuso sexual pelo padrasto, a gravidez gemelar descoberta e logo concluída através do aborto provocado. Parecia ser a única solução. Porém, embora indignados com o crime hediondo do estupro, é preciso levantar outras questões.

Não existe estudo publicado de que a gestação em menina de 9 anos apresente risco de morte desde que adequadamente acompanhada durante o pré-natal e parto. Em princípio, quando uma adolescente engravida, pode chegar a dar à luz. Lembremos, por exemplo, da menina de 9 anos que deu à luz em dois de dezembro de 2006 em Lima, Peru, sem problema algum para ela e para a criança, com todo apoio do serviço público de saúde.

Estudos comprovam que mães que provocam aborto apresentam maiores riscos de diversos problemas como: esterilidade, morte precoce por problemas de coagulação, tumores hepáticos, maior risco de câncer de mama, 250% mais necessidade de internação psiquiátrica, 7 vezes mais risco de suicídio. Isso, segundo estudos tanto em Cuba como na Finlândia ou nos EUA. Em relação à psicologia materna, Freud escreveu: “Ficamos perplexos ao ver os inesperados resultados que sucedem a um aborto artificial, ao lado de matar uma criança ainda não nascida, mesmo a partir de uma decisão tomada sem remorso nem hesitação”.

Essa menina foi usada como um trapo pelo estuprador, inconscientemente identificando-se como algo sem valor. Ao viver a destruição dos filhos como lixo, o inconsciente reforça: “Sou lixo e de mim só pode sair lixo”. Por outro lado se experimentasse atenção, amor e a valorização das crianças que trazia dentro de si - poderia estar começando aí o seu resgate como pessoa integral.

É questionável se o risco do aborto provocado, seguido de curetagem tenha sido a melhor opção para essa menina. Para seus gêmeos, com certeza não foi: mais 4 a 5 semanas, eles teriam 15 a 20% de possibilidade de sobreviverem.
Por que a ação foi tão precipitada?

Como em outros países, acontece no Brasil: uso de casos extremos para anestesiar a natural repulsa de matar as crianças em gestação; e se esconde que mulher é a outra grande vítima do aborto provocado.

Pessoas bem intencionadas estão sendo enganadas. É preciso que se torne conhecida a orquestrada ação de governos e entidades com financiamento internacional para forçar a liberação do aborto por motivos econômicos e políticos.

Onde foi liberado, o número de crianças assassinadas cresce há 10, 20 anos porque jovens convivem com a falsa idéia de que aborto é natural. Aumenta a violência no mundo. O aborto é a declaração de que crianças nada valem, tenham 9 semanas de vida intra-uterina ou 9 anos de idade. É a 1ª violência que anula a sensibilidade diante da vida.

Não! Uma violência não se resolve com outra violência!

ELIZABETH KIPMAN CERQUEIRA
Médica ginecologista e obstetra, especialização em Psicologia – Logoterapia, diretora do CIEB (Centro Interdisciplinar de Estudos em Bioética) e coordenadora do Núcleo de Bioética do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto.
cerkip@uol.com.br



Fonte: O Povo